segunda-feira, 21 de maio de 2018

PARA FECHAR UM CICLO


Em um dia como outro qualquer fui para a universidade assistir a uma apresentação de projetos de componente curricular, imaginando  que seria igual a todas as outras que já assistir na vida, apresentações comuns sem muita expectativa. Mas sinto que deveria ter acreditado mais no potencial dos meus colegas, pois as apresentações foram incríveis, cada uma com a sua peculiaridade e surpresa, meus colegas se superaram. Eu imaginei que por envolver matemática eles ficariam um pouco presos com medo de errar em algo, aconteceu ao contrário. Acho que por envolver arte a matemática ganhou um brilho, que muitas pessoas não conseguem enxergar. A arte faz isso não só com a matemática, mas com o mundo e as pessoas, perdi a conta de quantas vezes a arte abriu meus olhos para um novo mundo, uma nova forma de viver.

Então continuando nas apresentações, como já disse uma diferente da outra, mas nenhuma menos ou mais que a outra. Todas incríveis do seu jeito.
Teve apresentações de música e texto, uma música maravilhosa sobre Mariele Franco e o que o povo negro sofre e da luta para conquistar o que é seu por direito.

Perdoe-me pela foto está escura, pois tirei no celular sem flesh, em um lugar escuro.
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Uma performance maravilhosa com a música de Gilberto Gil- Não tenho medo da morte.




 Uma performance com dado do feminicídio no Brasil.







Obras artísticas com aquarela, em espiral. Que transpira profundos sentimentos.


Músicas que representam momentos de luto, segundo a psicologia o luto tem diversas fases do momento feliz ao triste, que podem ocorrer em diferentes ordens.

E dois sonetos representados lindamente, um desses foi o que eu e meu grupo idealizamos juntos.
Soneto do outro grupo:

Soneto do meu grupo:

Soneto da Morte

No instante da solidão, eu existo
Ali ouve-se um canto fúnebre, meu pranto
Onde, em meu íntimo translucidamente consisto.
Na esperança de um pequeno acalanto.

Já pensei em desistir, mas persisto
Nessa existência imortal de desencanto
Ondulante, invisível de dor eu me visto
Para espalhar o meu melancólico canto

Sou filha das trevas e da névoa densa
Que leva como castigo a memória imensa
De todos os corpos frios, sem vida

Nessa profunda ânsia delirante
Quero sentir, mesmo que por um instante
A delicadeza de ser querida.


autor: Jéssica Andrade

Meu grupo (meninas não me matem)



Enfim foi um dia lindo e cheio de arte, meus colegas são extremamente talentosos, a UFSB é uma universidade nova, mas se depender dos talentos que estão a moldando, eu tenho certeza que ela vai longe eu me sinto grata de poder fazer parte dessa construção e principalmente de fazer parte da construção da arte e da cultura em minha cidade que é muito pobre de tudo isso. Uma cidade sem cultura e sem arte é como uma cidade fantasma, sem sentido de existir.
Por isso a minha decisão de manter o blog, mesmo que eu não consiga postar com frequência eu vou tentar escrever para mostrar a nova revolução que está universidade está criando em minha cidade e na região ao redor dela. A palavra é o caminho e a melhor arma para lutar em uma nova guerra que o poder e a ganância dominam.
Quero deixar um agradecimento especial para o meu professor de matemática, que eu acompanho desde que comecei na universidade (acho que ele não aguenta mais ver a minha cara). Quero agradecer pelas horas dedicadas a seus alunos, pelas noites perdidas para preparar as aulas, pelo dinheiro e tempo perdido para comprar material, pelas discussões em sala sobre diversos assuntos, por aguentar seus alunos suportavelmente insuportáveis, que muitas vezes esquece de agradecer. É de professores assim que precisamos que se dedicam de corpo e alma a seus alunos e a seu trabalho não importa em que acredita, não importa de que forma viva, com todos os seus defeitos afinal de conta ele ainda é humano. É esse modelo que vai ficar em minha mente se um dia eu me tornar professora. Obrigada professor Joel. E obrigada a todos os professores dedicados que eu tive até hoje e me ensinaram que a educação é sempre o melhor caminho.

“Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam. ” - Martin Luther King





4 comentários:

  1. Jéssica:
    Obrigado por você ter sido minha parceira, como estudante, a quem ensinei, e com quem aprendi, neste primeiro ano de UFSB.
    Teus registros nesse blog são primorosos, cheios de humor e sinceridade.
    Não deixe de escrever mesmo, para que eu possa te acompanhar de vez em quando e confirmar que aqui está um ser humano especial e que fará muito, não só pela arte, pela sua cidade, mas por esse planeta.

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    1. Obrigada professor, vou tentar escrever e tentar também usar tudo que eu aprendi com você da melhor forma possível.

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  2. Mais uma coisa: faltou você destacar que é autora da poesia que foi escrita, pelo que entendi, exclusivamente para essa apresentação final. Ela é delicada e sensível, colocando a morte a falar de si mesma, como se fosse um ser existente. Muito belo.

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