quinta-feira, 7 de março de 2019

Diário sonoro

Sons do cotidiano

Terça, 05 de março de 2019, 6h21.

A cortina faz um som suave quando resvala na porta da varanda levemente aberta o vento ainda é fraco pela manhã, o galo canta longe um som grave e curto, esse som se mistura com o pio suave dos pássaros. Na cozinha escutam-se sons de vida as panelas tornam-se uma verdadeira orquestra na cozinha quando batem nas grades do fogão é o som mais alto da casa um som grave o que incomoda quem quer voltar a dormir.
O gemido das dobradiças da janela se abrindo parece um choro anunciando que hoje não teremos sol, portanto não teremos praia também e isso se confirma com um barulho grave, como se fosse um vozeirão que anuncia um dia de céu fechado, um trovão. O barulho grave que a porta da varanda faz ao ser aberta, como se fosse um motor de caminhão é quando a mãe pede sem palavras que o dia já nasceu e daqui apouco é hora de acordar.
As vozes da televisão sussurram no ouvido pela manhã, elas dizem bem baixinho que os sons da noite já foi faz um tempo, agora é preciso ouvir os sons do dia que segue. Os sons do dia são quase estrondosos sempre estão dizendo alguma coisa, mesmo o barulho agudo da caneca batendo na mesa de mármore diz "acorda que o dia já raiou". Isso se confirma pelo último vestígio de noite que é quando a chave é virada na fechadura para abrir a porta, parece com o som agudo de sininhos.

Terça, 05 de março de 2019, 14h20.

A tarde parece tudo calmo, mas no feriado tudo é uma paz na cidade. Mesmo a música do vizinho tem certo silêncio, apesar do volume alto ser o mesmo de todas as outras vezes que tocou agora ela parece mais baixa. O som dos carros batendo a lataria no quebra-molas parece pequenas bombas explodindo no silêncio da tarde, um som grave que assusta os despercebidos. Em casa até a televisão continua sussurrando e as torneiras parecem até sons de chuva fina batendo no telhado. O cochilo desta vez vem mais fácil dá até pra usar o som baixo das vozes como música de fundo, mesmo com a explosão no quebra-molas.

Terça, 05 de março de 2019, 18h16.

A televisão volta a ativa, suas vozes estão mais altas agora, os grilos cantam lá fora anunciando que a noite chegou, dentro de casa pode-se ouvir os sons abafados e baixos do interruptor quando se liga a luz. É possível ouvir o som grave do café caindo na garrafa depois de feito, anunciando que é hora de comer para aguentar a noite de sono que está por vir. A janela se fecha, a porta da varanda é encostada, para mais uma noite e por fim a chave gira na fechadura trancando a porta são os sininhos novamente, agora eles anunciam que é hora de dormir.

Terça, 05 de março de 2019, 1h30.

Escuta-se um silêncio quase mortal, se não fosse pelos grilos e pelo som grave e agudo que se misturam nas vozes dos cachorros do vizinho, ou pela geladeira que se anuncia de vez em quando na cozinha com sua voz grave de fantasma. De vez em quando a buzina aguda e longa da motocicleta do guarda que faz a segurança da rua faz sua passagem em busca de ladrões ou talvez fantasmas, pode-se encontra de tudo no silêncio da madrugada. Talvez dizer que tem som no silêncio é meio contraditório, ou talvez o silêncio que se conhece na cidade só é silêncio com estes sons.




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